SÃO PAULO. A Natura trabalha na terceirização da produção em outros países em que atua, como Argentina, Peru, Colômbia, México e Chile, com o objetivo de reduzir os custos de transporte e a exposição a risco cambial. A expectativa é de que esse processo seja iniciado já este ano. “Hoje 100% da produção vem do Brasil, mas concluímos que produção local lá fora para algumas categorias faz mais sentido”, disse o vice-presidente de Finanças e Jurídico da companhia, Roberto Pedote, em teleconferência.
Ele descarta, no entanto, a inauguração de fábricas fora do Brasil. “Estamos começando a avançar nesse projeto e, até o final do ano, em pelo menos um dos países deve ter produção local”, disse o executivo, sem adiantar em que país estrangeiro será iniciado o processo.
Embora a Natura tenha reportado demanda consistente em sua quarta emissão de debêntures, aprovada em abril e com captação de R$ 350 milhões, o diretor da Natura descartou uma nova operação desse tipo nos próximos trimestres. Ele argumenta que a emissão foi feita com o objetivo de apenas alongar a dívida da companhia. “No momento temos uma composição de dívida bem estruturada, com três terços no longo prazo.”
Conforme o balanço divulgado anteontem, a Natura fechou junho com um endividamento líquido de R$ 181,5 milhões em junho.
Natura lança Amó, nova marca de produtos para usar a dois
Nacional – 18/06/2010
Anunciada no Congresso Mundial de Perfumaria no início do mês, na França (veja entrevista), e lançada oficialmente ontem, pela Natura, a criação de sua nova marca de perfumaria e higiene, “para usar com ou para o outro”, um novo conceito de marca para o mercado.
Baseada no fato de que esta é uma época em que as relações pessoais são, em geral, fugazes e descartáveis, a empresa sugere com o novo conceito, que seus consumidores repensem as relações e busca inspirar e incentivar o cuidado com elas, assim como o amor possível, construído todos os dias com nossos gestos.
Com o novo conceito os consumidores terão produtos para cuidar, aquecer e sentir. A princípio são duas fragrâncias – Chamego é feminina e Amasso é masculina – e há ainda dois produtos complementares: um sabonete que provoca sensação de refrescância durante e após o banho, para ele e um óleo de massagem que provoca um aquecimento ao ser aplicado, para ela. Há planos para ampliar o portfólio da marca para outros segmentos, dentro de perfumaria. Esta será a 23ª marca da Natura nessa categoria e, para tentar diferenciá-la das outras, foram feitos estudos de mercado nos últimos dois anos.
Uma equipe de cerca de 100 pessoas, de 18 a 35 anos, entre consumidores e formadores de opinião de diversas capitais do país, além de parceiros que discutiram do nome ao conceito de Amó, que em tupi-guarani significa “os outros”, “a diversidade”.
“Nesses encontros, ficou claro que, ao contrário do que se pensa, as pessoas têm uma visão mais real e verdadeira dos seus próprios relacionamentos. Elas reconhecem que as relações também podem estar mornas ou estremecidas, mas que isso faz parte do processo de amadurecimento do relacionamento e, que, nesses momentos, gestos como cuidar, temperar e compreender se tornam ainda mais importantes”, explica Denise Figueiredo, diretora da unidade de negócios da Natura.
Não é a primeira vez que a empresa propõe e difunde novos conceitos: houve o da beleza de verdade, que valoriza a beleza possível de cada mulher com a linha Chronos, o conceito de sustentabilidade e da biodiversidade, com a linha Natura Ekos e mais recentemente o de que cada mulher tem uma história, para a nova linha Chronos antiidade, com cremes para diferentes idades. Amó foge um pouco da beleza em si ou da natureza e a sua preservação e parte para a valorização das relações, uma crença amplamente difundida pela empresa, que agora é concretizada na nova marca, que representa o Amor em Movimento. Que gesto você faria para o seu amor? Pergunta o filme da campanha, que abordará a sustentabilidade das relações, “buscando levar as pessoas a questionar e desmistificar a idealização desse sentimento” revela a executiva. Além da comunicação tradicional haverá um site da marca com uma rede colaborativa oferecendo serviços, como programas para se fazer a dois às sextas-feiras.
Tudo em Amó fala de amor, do nome às embalagens. E para embalar o Amor, um jeito brasileiro: pequenas e simples garrafas que remetem àquelas usadas em receitas, poções e simpatias amorosas. A brasilidade também está expressa no uso de óleos da biodiversidade brasileira, que compõem o coração das fragrâncias, criadas por Verônica Kato, perfumista exclusiva da Natura, em conjunto com alguns perfumistas internacionais das casas de fragrâncias Givaudan e IFF. “Isso garante um cheiro exclusivo e diferente para nossa perfumaria, impossível de ser reproduzido”, afirma Verônica. Assim, Amó Chamego Colônia Feminina é uma fragrância marcada pelo contraste de especiarias, como o gengibre e o cardamomo, e intensas, como a canela e a pimenta. Há ainda o toque sensual ao fundo, com âmbar, sândalo, favatonka e musk. O óleo de massagem contém glicóis que provocam um aquecimento agradável além de deixar um colorido que vai sumindo, até ficar transparente. Amó Amasso Colônia Masculina, que teve co-criação da casa de fragrâncias IFF, possui saída cítrica com bergamota, grapefruit, folhas de violeta, manjericão, gengibre e o toque de maçã, aludindo ao fruto proibido. O corpo tem um complexo amadeirado e especiado masculino, com gerânio, chã, canela, elemi, pimenta rosa e o fundo combina sândalo, vetiver, âmbar, chocolate. O sabonete foi desenvolvido com base vegetal e possui em sua fragrância óleos essenciais e mentol.
“A marca Amo, cuja inspiração para o conceito vem de uma das crenças da Natura de que a vida é um encadeamento de relações, está nascendo para ser uma das principais marcas da Natura”, disse José Vicente Marino, VP de Negócios da Natura.
Os produtos começam a ser vendidos pelas consultoras no início de agosto. O preço da colônia de 75 ml será de R$ 76,50. O óleo de massagem de 100ml R$31,60 e o sabonete em barra (2 sabonetes em barra de 100 g cada), R$ 14,20.
In: http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/materias/materia.asp?id=2413
Veronica Kato, perfumista da Natura: “Amó é uma maneira da empresa comunicar seus valores, mas não sem a profundidade necessária”.
20/06/2010
Veronica criou as fragrâncias da linha Amó e Denise
apresentou o conceito delas no Congresso Mundial de Perfumaria
1 – A Natura participou do Congresso Mundial de Perfumaria? Como foi essa participação?
A Denise Figueiredo, diretora da unidade de negócios da Natura, foi convidada a dar uma palestra no Congresso Mundial de Perfumaria na França e pudemos observar que, no encontro, a maioria dos palestrantes estava falando sobre sustentabilidade ambiental, florestas, comunidades, um assunto que o diretor de internacionalização da Natura, Felipe Pommez, já tinha falado nesse mesmo Congresso há seis anos. Então a palestra da Denise falando sobre sustentabilidade das relações, na apresentação da nova marca Amó e suas fragrâncias já estava um passo a frente.
Foi uma coisa nova para todo mundo porque a Natura estava percorrendo um caminho inverso ao corrente, num mundo em que as pessoas vivem sós e as relações são descartáveis. A Natura estava ali posicionando o conceito da linha Amó, do resgate das relações através de gestos de amor e compreensão. Apresentamos também os cheiros da Natura, não os de Amó que estão sendo lançados primeiramente aqui no Brasil, mas os óleos essenciais tipicamente brasileiros, com misturas inusitadas. E foi muito gratificante, porque lá estavam as maiores empresas produtoras de perfumaria do mundo. E os profissionais dessas empresas ficaram muito curiosos a respeito desses cheiros novos, surpresos também, querendo entender o que eram estes gestos com nomes como Amasso e Chamego.
2 – Como transmitir em fragrâncias Chamego e Amasso? O que a marca Amó veio trazer de novo?
As fragrâncias, cores e texturas dos produtos da linha estimulam o toque, a intimidade, o encontro. São convites para encantar, cuidar, temperar e celebrar as relações amorosas. Para o gesto de temperar, criamos notas que refrescam, esquentam, que salpicam e que arrepiam. Assim fizemos uma fragrância como se fosse uma poção de especiarias que fosse como um borbulhar. Então misturamos cardamomo e o gengibre contrastando com especiarias quentes, como a pimenta, o cravo e a canela. Fizemos essa co-criação com a Givaudan e no final colocamos noz coração, que é uma mistura dos óleos essenciais exclusivos da Natura, extraídos da biodiversidade para dar a assinatura e diferencial para o nosso perfume e no fundo uma nota amadeirada e musk.
Nas notas Encantar e Reencantar em co-criação com a IFF, colocamos uma nota de chocolate para abrir o sorriso, o chocolate faz as pessoas mais felizes. E colocamos uma pitada de maçã do amor, para atrair e aproximar. Tudo isso para dar um gostinho de quero mais…
3 – É estranho uma empresa de cosméticos e não um livro, um filme falar de amores possíveis. O que tem a ver uma empresa de cosméticos propor o amor? E como ela chegou a esse conceito para a criação de produtos para casais?
Para desenvolver o conceito de Amó as pessoas convidadas – formadores de opinião e consumidores – ficaram mais de um ano discutindo num espaço na Vila Madalena, com professores de diversas áreas fazendo um brain storm para chegar ao conceito, ao nome… É um trabalho de co-criação e muito profundo da empresa, no sentido de estudo, reflexão para a criação da marca. É claro que queremos que ela venda e faça sucesso, mas, também, ela é parte do pensamento da empresa, ela é uma maneira da empresa comunicar os seus valores. Amó é uma marca que fala de amor, mas não sem a profundidade necessária.
4 – Porque a empresa está regionalizando suas fragrâncias?
Porque o Brasil é muito grande e diverso, cheio de regionalidades, que pedem produtos específicos para gostos diferentes. Então, acabamos de lançar o Canto Azul, inspirado nos Caprichosos do Festival de Parintins, no Amazonas, uma festa dos Bois Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho).
Estaremos inclusive participando da festa este ano com algumas ações, entre elas a perfumação dos participantes. Colocamos nessas fragrâncias – Canto Vermelho e Canto Azul (esta lançada em Belém do Pará essa semana, e que logo chegará ao Amazonas) essências da Amazônia, com um trabalho em parceria com a comunidade local, para o qual a Natura paga royalties pelo conhecimento tradicional.
5 – Internacionalmente essas criações específicas também devem ocorrer?
Já está acontecendo. Acabamos de lançar uma colônia feminina no México, criada especificamente para as consumidoras mexicanas. Fizemos pesquisas locais para entender o consumidor mexicano e descobrimos que os mexicanos estão acostumados a utilizar fragrâncias com dosagens muito maiores e os caminhos olfativos são muito mais pesados, o que tem a ver com o aspecto cultural do país. Os mexicanos comem com muitas especiarias e pimentas, por isso necessitam de fragrâncias com intensidades maiores. Por exemplo, uma loção corporal que no Brasil tem uma média de 0,5% de dosagem de essência, no México essa dosagem chega a 2%. Então, a Natura lançou a colônia Ritual para esse público, com óleos essenciais locais, junto com outros da América Latina.
In: http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/entrevistas/entrevista.asp?id=2414
Natura terá novo laboratório de pesquisa
A Natura, maior empresa de cosméticos da América Latina, assinou um protocolo de intenções com o Laboratório Nacional de Luz Síncroton. A parceria prevê a instalação de um laboratório de pesquisa dentro de um dos institutos do Síncrotron, o LNBio – Laboratório Nacional de Biociências – localizado em Campinas, São Paulo. O laboratório será direcionado à pesquisa de novas tecnologias em pele e cabelo.
O acordo dará origem à construção de um moderno centro de pesquisa para avaliação de segurança e eficácia de novos ativos para pele e cabelos utilizando a técnica de HTS (high throughput screening). De acordo com a Natura, a parceira vai proporcionar à empresa e ao Instituto maior interação entre os pesquisadores das duas instituições, fomentando a construção de plataformas tecnológicas e programas de pesquisa temáticos em rede, ampliando as frentes de pesquisa e contribuindo para o avanço do conhecimento científico.
A iniciativa é resultado do modelo Open Innovation (Inovação Aberta), que estimula a produção de conhecimento e de novas tecnologias em parceria com laboratórios e centros de pesquisa externos à empresa. Desde que adotou o modelo, em 2005, a Natura já conseguiu ter cerca de 50% do seu portfólio de projetos sendo realizado em parceria com universidades do Brasil, centros de pesquisa, outras empresas e também entidades internacionais.
“A Natura é incontestavelmente uma empresa inovadora. Mantemos foco em inovação tecnológica e em desenvolvimento de novos produtos. Acreditamos que o investimento apropriado em pesquisa e desenvolvimento é fator crítico para o crescimento sustentável dos negócios. Orgulhamos-nos por ser a companhia latino-americana que mais investe em inovação no setor de cosméticos. As parcerias com os ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia) ampliam as oportunidades de inovação científica e promovem maior interação entre os setores privado e acadêmico”, afirma Telma Sinicio, nova vice-presidente de Inovação da Natura.